NATO ou OTAN?

A NATO tem um nome oficial em português: OTAN. No entanto, o nome real, usado efectivamente por quase todos os falantes da língua (em Portugal) é NATO. A língua tem razões que a lógica desconhece, e neste caso não há grande coisa a dizer: a NATO continuará a ser NATO e a fazer cimeiras em Lisboa. Já em Espanha, será OTAN, sem ninguém achar estranho. Também o Marquês tentou mudar o nome de Terreiro do Paço para Praça do Comércio e está demorado… Continuar a ler NATO ou OTAN?

manure

As palavras às vezes seduzem-nos de formas misteriosas. Tenho uma amiga que gosta muito da palavra inglesa manure, sem gostar especialmente do correspondente português — e, muito menos, da realidade que a palavra representa. Quem mais terá palavras de que gosta muito só pelo som ou pelo aspecto gráfico? Manure noutras paragens: mist, na Alemanha, fumier na França, simaur no País Basco, estiércol noutras zonas de Espanha, estrume por cá… Repare-se, já agora, como a bruma inglesa se transforma no estrume alemão… Continuar a ler manure

ordinário

As palavras dão muitas voltas. A palavra ordinário, por exemplo, quer dizer muitas coisas: “dentro da ordem prevista”, “normal”, “vulgar” e “reles”. Podemos utilizar em expressões como “assembleia ordinária” e “homem ordinário”. Como conseguimos ir de “reunião dentro da ordem prevista” a “homem reles” numa só palavra? Uma hipótese: sendo aquilo que está dentro da ordem prevista algo “vulgar” (=”comum”), logo passámos ao significado “vulgar=reles” — e, assim, temos “ordinário” enquanto “reles”. Claro que o caminho que a palavra fez, de facto, ao longo da sua história pode ter sido diferente. Um dicionário etimológico esclarecerá esta dúvida. De qualquer forma, … Continuar a ler ordinário

Francoforte, Tolosa, Aquisgrano, Angorá, Baçorá

Tal como Oporto está a começar a cair em desuso no inglês, também nós temos exónimos que já não usamos. Por exemplo Francoforte, Tolosa, Aquisgrano, Angorá. Se o primeiro ainda é reconhecido como o nome português de Frankfurt, já poucos saberão que Tolosa é Toulouse, em França, Aquisgrano é Aachen, na Alemanha e, por fim, Angorá é Ancara, capital da Turquia. A visão que uma língua — neste caso o português — tem sobre o mundo vai mudando. Por vezes, as cidades estrangeiras merecem um nome português; mais tarde, por motivos nem sempre claros, o nome original serve perfeitamente. Ninguém … Continuar a ler Francoforte, Tolosa, Aquisgrano, Angorá, Baçorá

Oporto

Porque se diz “Oporto” em inglês? Pela mesma razão que dizemos “Algarve” e não “Garve”, Alcácer e não “Cácer”, e por aí fora. Por vezes, ao criar exónimos (nomes de terras em línguas estrangeiras), as línguas assumem o artigo da língua original como parte do nome dessa terra. Foi o que aconteceu com o espanhol e o inglês, no caso do Porto. Como, normalmente, os exónimos só existem em caso de cidades com alguma importância, na perspectiva da língua em que ocorrem, só temos de nos orgulhar com “Oporto” — e não reclamar, como por vezes acontece, como se os … Continuar a ler Oporto

Apenas

Apenas é um daqueles falsos amigos espanhóis muito complicados. Quer dizer muita coisa e raramente o mesmo que em português. Reparem: “Apenas bajé a la calle, se puso a llover.” — “Logo que saí à rua, começou a chover.” “Por la ventana apenas entraba el sol.” — “Pela janela mal entrava o sol.” As frases originais baseiam-se nos exemplos do Diccionario de la Lengua Española da RAE. Continuar a ler Apenas